Já ouviu falar de Nêmesis?
Há alguns anos surgiu a teoria de que o sistema solar seria como a grande maioria dos sistemas planetários: com duas estrelas - ou o que se chama de sistemas binários.
Realmente a grande maioria dos sistemas tem duas ou três estrelas. Uma apenas, é muito, muito raro.
Por isso apareceu a teoria de que nosso sistema solar seria um sistema binário. E a outra estrela junto com o Sol, seria uma anã marrom ou vermelha, de difícil visualização. Isso porque ela estaria a cerca de 20 mil unidades astronômicas (1 UA é a distância da Terra ao Sol, ou algo perto de 150 milhões de quilômetros). Netuno, o último planeta do sistema solar, está a 90 UA. A sonda Voyager, enviada para fora do nosso sistema solar, agora estaria a 174 UA.
A essa estrela, deram o nome de Nêmesis.
Sua órbita seria irregular, e daria uma volta completa no Sol a cada 26 milhões de anos. Isso explicaria muitas alterações estranhas observadas na nuvem de Oort, uma nuvem de meteoros e cometas que fazem a fronteira mais externa do nosso sistema.
Os defensores da estrela apontavam as 5 grandes extinções em massas que aconteceram na Terra como grande evidência da existência de Nemesis. Isso porque observou-se que a distância de todas essas grandes extinções eram de exatamente 26 milhões de anos. A teoria era de que a cada volta da estrela em torno do Sol, a passagem dela por dentro da nuvem de asteroides de Oort iria jogar centenas de milhares de asteroides para o centro do sistema solar, causando o choque de um grande meteoro na Terra.
História bem legal. Só que tem coisa que não se encaixa aqui. Duas, na verdade.
A primeira é que das 5 grandes extinções, apenas a dos dinossauros há 56 milhões de anos é que se tem provas concretas de que aconteceu pela queda de um grande meteoro. As outras 4 devem-se a mudanças climáticas graves, sejam por grande erupções vulcânicas aumentando o CO2 na atmosfera, seja por alterações nas correntes e temperatura dos continentes.
A segunda é que, encafifados com as teorias sobre Nemesis, os cientistas criaram um grande telescópio que iria varrer todo o céu em busca de ondas infra-vermelhas, o que conseguiria descobrir Nemesis.
Em 2014, o telescopio terminou a varredura. E não achou nada.
Muitos que ainda defendem a teoria, dizem que se Nemesis for uma estrela marrom, o nível de radiação infravermelho será baixo, e não será possível uma captação adequada por esse telescópio.
Polêmicas a parte, Nemesis, também chamado do irmão gêmeo mal do Sol, ainda é uma grande mistério se existe ou é apenas uma boa história. E como já dizia Nelson Rodrigues, que exista então.
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